O que produz o "efeito massa inercial"


Robson Z. Conti
Pesquisador Senior



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Posted: Sun Jun 10, 2012 8:28 pm Post subject: O que produz o “efeito massa inercial”



Em outras palavras, o que leva uma estrutura a apresentar oposição a ser acelerada?

Este assunto, aparentemente simples, pode conter algumas armadilhas, ou não estaríamos ainda discutindo o mesmo mais de dois mil anos depois dos primeiros filósofos passarem a investigar a realidade.

Para tentar reduzir o risco que estas armadilhas representam, considero mais adequado que a análise de cenários mais complexos seja evitada, de forma que estou preferindo analisar um cenário mais simples e, depois de entendê-lo um pouco melhor, tentar enfrentar os mais complexos. Neste caso talvez seja melhor começar por uma condição que seria a mais simples.

Imaginemos então que temos um corpo esférico, de dimensões bastante diminutas em relação a um ser humano, em região isenta de campos gravitacionais significativos, idealmente em um supervazio entre superaglomerados de galáxias. Este corpo estará imponderável, não estará sob os efeitos de campo gravitacional significativo mas, ainda assim, para mudar seu estado de movimento (para mais ou para menos), isto é, para acelerá-lo, haverá a necessidade de ser-lhe aplicada uma força.

Se uma pessoa se aproximar desta esfera e a empurrar, a mesma oferecerá alguma resistência, a qual será proporcional à quantidade de massa que possua (como a definição de massa vem da oposição que algo oferece a ser acelerado, isto é, ter o seu estado de movimento alterado, esta relação é autoevidente). Se empurrarmos uma esfera com o dobro da massa da esfera inicialmente considerada, ela oferecerá o dobro da resistência e se for muito maior levará a pessoa a também deslocar-se de forma significativa pela reação, a qual nos empurrará em sentido contrário ao da aplicação da força.

Se a quantidade de massa deste corpo for cada vez menor, e tendo a pessoa um dispositivo de tamanho também adequado para empurrá-la, a quantidade de força para deslocar a esfera será cada vez menor. Se tivermos apenas um próton, ou um elétron, e o empurrarmos o mesmo continuará a oferecer resistência a ser acelerado.

Se levarmos isto ao limite, ou seja, se tivermos apenas uma única partícula fundamental, a qual constituiria todas as demais estruturas e existiria em quantidades gigantescas em um simples elétron, ela ainda assim continuará a apresentar resistência a ter seu estado de movimento alterado para mais ou para menos, o que ocorrerá de modo igualitário para qualquer direção ou sentido.

Ou seja, mesmo uma partícula fundamental, de tamanho físico e quantidade de material extremamente diminuto, apresentará oposição a ter o seu estado de movimento alterado em qualquer direção, sentido ou quantidade.

Seria então o caso de nos perguntarmos o que é que esta partícula fundamental teria, de modo a produzir como efeito uma oposição a ser alterado o seu estado de movimento. Se considerarmos uma partícula fundamental como uma entidade material rígida e indeformável de formato provavelmente esferoide, ela terá apenas matéria e mais nada (entendo ser fundamental informar que, da forma como tenho visto este assunto, matéria poderia ser descrita como qualquer entidade que ocupasse lugar no espaço e tivesse duração).

Se agora fizermos o caminho inverso e passarmos a aumentar as esferas, poderemos facilmente constatar que duas partículas fundamentais (ou uma com o dobro de material) apresentaria o dobro de dificuldade para ter a sua velocidade aumentada ou diminuída.

O problema seria quando tais partículas se juntassem e formassem arranjos com coesão, tais como prótons, elétrons e nêutrons. Note-se que, enquanto tratávamos de corpos de matéria bariônica, fomos diminuindo suas dimensões até chegarmos a elétrons e prótons sem nenhuma dificuldade ter surgido para o entendimento do que produziria a dificuldade em acelerá-las e, da mesma forma, quando tratávamos de partículas fundamentais e fomos adicionando material em cada esfera ou esferas ao conjunto empurrado, não houve nenhum problema neste sentido.

O que ocorreria, no entanto, se uma grande quantidade de partículas fundamentais passasse a formar uma estrutura coesa, tais como seriam as partículas elementares de matéria bariônica (prótons e elétrons principalmente), da mesma forma que centenas de milhões de estrelas e de outros corpos e materiais formam galáxias, ou moléculas de ar formam furacões.

Neste caso eu tenho a clara impressão que o formato destas estruturas influiria, bem como a posição e a condição destas estruturas em relação a fluxos internos ou externos a si mesmas, ao ambiente e a eventuais barreiras e descontinuidades existentes. A própria energia escura, a qual estaria fornecendo os meios necessários para a aceleração da expansão cósmica, ao permear todas as estruturas do universo, certamente influiria nas mesmas.

Será que podemos dizer que a dificuldade em acelerar um furacão é a mesma que teríamos em acelerar a mesma quantidade de moléculas de ar atmosférico? Ou a maneira destas moléculas interagirem umas com as outras e com as demais estruturas do planeta produziria diferentes necessidades de energia para realizar este trabalho. O mesmo pode ser perguntado em relação a galáxias e a sistemas solares.

O caso de furacões, por se formarem dentro de uma camada (troposfera) de nossa atmosfera, mostra que podem existir grandes diferenças no esforço para acelerá-los para os lados (relativamente pouco dificultoso), para cima (muito complicado, a tropopausa configura-se numa fronteira adiabática para eles e uma barreira virtualmente intransponível neste caso) ou para baixo (impossível, a crosta terrestre é efetivamente intransponível para furacões).

Pode-se dizer que a tropopausa e a crosta terrestre, não se configurando em características intrínsecas das estruturas analisadas, não poderiam ser citadas como fatores que afetam a massa, com o que concordo plenamente.

Ainda assim a dificuldade em acelerarmos um furacão será muito diferente da facilidade que teríamos ao produzir a mesma aceleração para uma quantidade equivalente de moléculas de ar atmosférico que não tenham coesão e nem os mecanismos que furacões apresentam, de modo que não apenas a quantidade de matéria interferiria no grau de dificuldade de acelerar estruturas complexas, dotadas de intrincada geometria e de mecanismos em que fluxos de partículas menores fossem responsáveis pela coesão e por imensas variações na densidade de suas regiões constituintes, variando de suaves brisas a intransponíveis paredes de olho de furacões, por exemplo.

No caso de galáxias, compostas por centenas de milhões de estrelas e de bilhões do outros corpos celestes, estou atualmente considerando que a situação também ficaria alterada em função de alguns fatores, como seu formato e o sentido em que desejamos acelerá-la. Aparenta-me que galáxias elípticas e irregulares (assim como sistemas solares) aparentemente seriam muito parecidas entre si e com objetos macroscópicos, por exemplo, em termos de dificuldade de aceleração, enquanto que galáxias espirais apresentariam comportamento diferenciado em relação a acelerar igual quantidade de massa sem a coesão e os mecanismos que apresenta.

Um sistema solar desloca-se pela galáxia como uma entidade única, comportando-se como uma bolha inflada pelo vento solar, como se fosse uma partícula e não uma estrutura, mais ou menos como ocorreria também com átomos (com a diferença que estes seriam formados por partículas fundamentais e não por corpos celestes), o mesmo ocorrendo com galáxias, nas quais as estrelas apresentam coesão e deslocam-se em conjunto.

Em objetos macroscópicos nós podemos nos assegurar que o formato e outros fatores não influenciariam nossas medições de massa e nem os fenômenos que são relacionados com este atributo. Mas, no caso de estruturas em escala subatômica, o formato e outros detalhes poderiam influenciar, pois alterações nestes podem levar a alterações na dificuldade de acelerá-las e não dispomos de meios eficientes para garantir que as nossas medições não estão sob efeito de fluxos de energia, linhas de força ou fluxos de partículas fundamentais, de modo a não obtermos medições mascaradas por estes fatores, de forma que o que a massa percebida não seja correspondente à quantidade de partículas fundamentais, mas ao efeito que uma estrutura complexa produz e que não corresponde exatamente à somatória das partículas fundamentais nela existentes.

Neste caso temos um cenário interessante, pois o campo gravitacional tem sido definido como um atributo de entidades dotadas de massa e, neste caso, a não ser que estejamos tratando de partículas fundamentais, esféricas e indeformáveis, a massa das estruturas variará de acordo com fatores outros que a mera quantidade de material elementar existente na estrutura de cada uma delas. Como a existência de partículas fundamentais é um assunto ainda controverso, pode ser que a massa seja efetivamente um atributo de estruturas e que nada tenha a ver com a somatória da matéria das supostas partículas fundamentais.

Atualmente temos duas teorias com maior aceitação pela comunidade científica para explicar a força gravitacional, e algumas menos ortodoxas.

A mais conhecida e aceita é a da força gravitacional ser efeito de empenamentos do “tecido do espaço-tempo”, de autoria do meu amigo Einstein, a qual propõe, em vista da equivalência entre os efeitos de aceleração e queda de um corpo, que na verdade estaríamos acelerando em vista da expansão do Universo.

Neste cenário, teríamos de estar acelerando em todos os sentidos, que é o que o meu amigo Einstein propôs e que aparece no trecho que se segue (e que, coincidentemente ou não, aparenta-me muito semelhante à teoria da expansão, do Jonas).

Se a Terra fosse plana, daria na mesma dizer que a maçã caiu na cabeça de Newton graças à gravidade ou porque Newton e a superfície da Terra estavam acelerando para cima. Mas essa equivalência entre a aceleração e a gravidade não parecia funcionar para uma Terra redonda; pessoas em lados opostos do mundo teriam de estar acelerando em direções opostas, mas permanecendo a uma distância constante umas das outras. Mas no retorno a Zurique, em 1912, Einstein teve o estalo de perceber que a equivalência funcionaria se a geometria do espaço-tempo fosse curva, e não plana, como se tinha suposto até então.” [Hawking, Stephen W. – “O universo numa casca de noz” – São Paulo, ARX, 2001, grifos meus]

Isto exigiria uma dimensão espacial além das três que conhecemos, a qual até hoje não encontramos (o que não é evidência de não inexistência) e também de aceitarmos todas as implicações filosóficas da teoria, inclusive dos eventos passarem ao contrário no caso de passarmos a nos dirigir a um Big-Crunch. Outro detalhe a ser considerado é que o descrito no trecho “pessoas em lados opostos do mundo teriam de estar acelerando em direções opostas, mas permanecendo a uma distância constante umas das outras” apresenta um cenário paradoxal, para dizer o mínimo.

A outra teoria com grande aceitação é que a gravidade seria efeito de hipotéticas partículas discretas denominadas grávitons, jamais detectadas. Apesar de não poderem ser declarados inexistentes por não serem detectados, isto pode configurar uma situação casuísta, pois o éter foi assim considerado pelo mesmo motivo (e pela teoria do meu amigo Einstein ter explicado melhor a precessão do periélio de Mercúrio).

Ainda assim, a não detecção de grávitons, ondas gravitacionais ou de evidências objetivas da existência da quarta dimensão espacial deixam ambas as teorias mais aceitas (einsteiniana e quântica) como hipóteses plausíveis, mas ainda assim hipóteses, inclusive por serem mutuamente contraditórias, ou seja, se uma estiver correta, a outra não estará.

Na minha humilde opinião o que conhecemos como atração gravitacional pode se passar devido às perturbações que a presença dos corpos de matéria bariônica (ou degenerada, a qual, apesar do nome, é majoritariamente composta de simples nêutrons) produzem no espaço à sua volta.

Apesar de vermos (nas frequências visíveis da luz) a maioria dos corpos celestes como estruturas esferoides e bem definidas, as mesmas apresentam “heliosferas” (bolhas de vento solar, no caso de estrelas) e campos elétricos ou magnéticos, o que efetivamente as tornam fontes de perturbação intrínseca na região do espaço em que se encontram.

Esta perturbação produziria variação na densidade daquela região em relação à densidade do restante deste universo, e também à produção automática de forças que tentarão equalizar esta situação. Isto levaria à produção de movimento dos corpos, o que levaria a novas perturbações, a mais tentativas de equalização e assim por diante, levando finalmente à produção de ciclos que observamos, como as órbitas de planetas, estrelas, galáxias, aglomerados e superaglomerados delas.

Uma analogia entre o que pode ocorrer com corpos celestes e o que ocorre em nosso cotidiano pode ser feita com uma simples partícula de pó de rocha (densidade acima de 2000 Kg/m3) ou mesmo de metais como o ferro (densidade acima de 7000 Kg/m3), a qual flutua com facilidade no ar atmosférico (densidade aproximada de 1,25 Kg/m3, ou seja, milhares de vezes menor que a da rocha ou do ferro) e apresenta idêntica dificuldade de ser acelerada em qualquer sentido, pois a densidade do meio, resultante em pressão atmosférica, também sujeita a pequenas variações em função de desequilíbrios na quantidade de energia que cada região recebe e das automáticas tentativas de equalização da entropia destas, produz uma resistência, no caso a resistência do ar, que se sobrepõe facilmente à força gravitacional e permite que a gravidade somente prevaleça na ausência de qualquer fluxo ou movimentação das moléculas do ar atmosférico (que ainda levarão a partícula de pó de rocha ou de ferro a decantar muito suavemente).

Isto pode parecer verdadeiro apenas no caso de meios densos como a atmosfera terrestre, mas o mesmo ocorre por exemplo em Marte, o qual possui uma atmosfera mais de 100 vezes menos densa que a nossa, onde, no entanto, formam-se redemoinhos e tempestades que chegam a cobrir toda a superfície do planeta até por meses.

O que ocorre nestes casos é que, por maior que seja a massa específica dos materiais de que sejam constituídas as partículas, elas são muito pequenas em relação ao conjunto de fluidos e a força gravitacional entre a partícula e o planeta é muito pequena, sendo facilmente sobrepujada por qualquer movimentação do fluido.

No caso do espaço interplanetário, interestelar e intergaláctico, o mesmo pode ocorrer com corpos um pouco maiores, tal como estrelas e planetas, os quais, em vista da imensidão do Cosmos e das forças envolvidas, em nada difeririam de pequenas partículas, sendo tratados pelas forças cosmicamente grandiosas da mesma forma como poeira é tratada pelos gases de nossa atmosfera.

Visto desta maneira, o campo gravitacional de uma estrutura poderia ser resultado da interação entre o ambiente cósmico e as variações de densidade entre diferentes regiões.

Neste caso, mais um princípio de equivalência estaria sendo verificado para a força gravitacional pois, além da equivalência entre queda e aceleração, teríamos também a equivalência entre puxão e empurrão, evidentemente provenientes de sentidos opostos.

No frigir dos ovos, em um cenário em que se considere como existente a partícula fundamental, a qual constituiria todas as demais estruturas e seria responsável por todos os eventos e fenômenos (menos pela existência do espaço e pela passagem do tempo, o qual, por apenas ser decorrente da duração do que existe, seria característica intrínseca da existência de tudo e jamais poderia parar ou voltar enquanto qualquer coisa existir), a partícula fundamental teria quantidade de massa intrinsecamente ligada a si, enquanto que todas as demais estruturas teriam massa que dependeria de uma quantidade de circunstâncias e fatores.

Um grande abraço e boa sorte a todos nós.
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Jonas Paulo Negreiros
Candidato ao Nobel



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Posted: Mon Jun 11, 2012 8:00 am Post subject:



Quote:
O que ocorreria, no entanto, se uma grande quantidade de partículas fundamentais passasse a formar uma estrutura coesa, tais como seriam as partículas elementares de matéria bariônica (prótons e elétrons principalmente), da mesma forma que centenas de milhões de estrelas e de outros corpos e materiais formam galáxias, ou moléculas de ar formam furacões.

Neste caso eu tenho a clara impressão que o formato destas estruturas influiria, bem como a posição e a condição destas estruturas em relação a fluxos internos ou externos a si mesmas, ao ambiente e a eventuais barreiras e descontinuidades existentes. A própria energia escura, a qual estaria fornecendo os meios necessários para a aceleração da expansão cósmica, ao permear todas as estruturas do universo, certamente influiria nas mesmas.


Interessante, Robson!

Essa explicação pode ser aplicada ao giroscópio. Uma estrutura de partículas girando sobre um eixo "amplifica o efeito inercial" e "memoriza" um plano no espaço. Seria uma situação particular de inércia?

Dê uma olhada nesse vídeo e tente entender o que acontece:

http://www.wimp.com/gyroscopicgravity

Por que, aparantemente, o giroscópio fica mais leve?
O apresentador é um sujeito bem-intencionado ou impostor?
Afinal, ele não "pesou" o giroscópio após o seu acionamento!
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Robson Z. Conti
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Posted: Mon Jun 11, 2012 8:48 pm Post subject:



Aqui temos um caso no qual a quantidade de partículas de matéria bariônica continua a mesma, apenas aparenta diferente interação com o ambiente em função de estar em condição diferenciada de movimento.

Apesar da quantidade de matéria não ter mudado, e nem a massa do aparato como se poderia ter constatado ao pesá-lo com o disco em rotação, ele alterou a sua dificuldade em ser acelerado, o que, no entanto, não passou a ocorrer em todas as direções e sentidos, o que o levaria a ainda ter a mesma massa na minha humilde opinião.

Aparenta-me também que o dispositivo também não mudou a sua interação com o campo gravitacional da Terra e que a reação que o disco apresenta a ser retirado de seu plano inicial de rotação leva qualquer tentativa de alterar a posição [vertical] do referido disco a ter como resposta uma força que se contrapõe à soma das forças que tentam fazê-lo, e a gravitacional seria uma delas neste caso.

Este assunto é controverso em algumas áreas e até tabu* na academia nos dias de hoje. A força inercial também é considerada responsável pela reação que objetos em rotação apresentam a serem retiradas de seu plano de rotação. A memória de plano de rotação em uma estrutura circular com movimento angular aparenta-me ser devida a um mecanismo no qual uma força que leva uma região do objeto em rotação a mover-se para um dos lados do eixo (para a direita, por exemplo), também levará região de idêntica massa e velocidade do mesmo objeto a mover-se para o lado contrário (para a esquerda, por exemplo), de modo que uma força cancela a outra e o efeito que se tem é de uma memória de posição.

Em relação à intenção do apresentador, aparenta-me que ele está sendo apropriado em sua demonstração e a massa do objeto não é alterada, apenas a força gravitacional entre a Terra e o objeto estaria sendo sobrepujada pela reação que o disco apresenta a ser deslocado do seu plano de rotação.

Um ponto interessante é que assim como este aparato alterou a sua resistência a ser acelerado em função de um detalhe que todos conseguimos ver, pode ser que estruturas das quais não temos visualização direta e nem conhecimento suficiente tenham sistemas similares ou de tal maneira constituídos que produzam semelhantes efeitos, e estejamos estimando sua massa de maneira equivocada em função de detalhes a nós ainda desconhecidos, que é o que tentei dizer na postagem anterior.

Um grande abraço e boa sorte a todos nós

* Ouvi de alguns doutorandos em Engenharia Mecânica em renomada universidade que eles têm questionamentos a este respeito, mas não podem falar disto com os seus orientadores com receio de serem “queimados na praça atrás do ciclo básico” (as palavras não foram exatamente estas, mas entendo que permitem ser metaforicamente assim apresentadas).
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Xevious
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Posted: Tue Jun 12, 2012 1:49 pm Post subject:



Eu tenho uma hipótese para isto.
É inclusive a mesma hipótese que serve pra contradizer a teoria da relatividade.
mas esta muito longe de ser provada, nem "des"provada também.

É a hipótese do Eter, algo que permeia o universo, e que causaria uma inércia a qualquer movimento, mesmo no espaço.
Claro, seria algo muito "intangível" e sua ação também seria muito fraca.
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O universo é tão vasto, que tudo que imaginamos deve existir..

Jonas Paulo Negreiros
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Posted: Wed Jun 13, 2012 8:12 am Post subject:



Xevious wrote:
Eu tenho uma hipótese para isto.
É inclusive a mesma hipótese que serve pra contradizer a teoria da relatividade.
mas esta muito longe de ser provada, nem "des"provada também.

É a hipótese do Eter, algo que permeia o universo, e que causaria uma inércia a qualquer movimento, mesmo no espaço.
Claro, seria algo muito "intangível" e sua ação também seria muito fraca.


Tem muita gente tentando, Xevious. Acho que o Dr. Milo Wolff é um deles: a ciência precisa pesquisar melhor o "espaço".

O éter apenas mudou de nome: curvatura de espaço-tempo! Einstein não explicou a gravidade ou inércia, apenas descreveu-as.

Deve exisitir interação com o meio, caso contrário a massa teria de "carregar-se" de alguma coisa. É muito difícil engolir que a massa de um corpo aumenta após a quebra da barreira da luz. Os neutrinos do experimento Opera do CERN não aumentaram a massa!

A interação da inércia é fraca, mas imagine um giroscópio girando a um milhão de rotações por minuto: Nada conseguira mudar o seu plano de rotação.
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Robson Z. Conti
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Posted: Fri Jun 15, 2012 11:12 am Post subject:



Mesmo os modelos padrão usam de termos, entidades e mesmo de partículas intangíveis, tais como “energia pura”, ondas gravitacionais e grávitons, por exemplo. O problema do éter é que ele, além de não ter sido detectado, passou a ser considerado desnecessário face a explicações tidas como mais simples (sic) como a TR e a MQ.

Já li que “a energia escura é o éter moderno” [http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1027753-um-ano-que-promete.shtml] por permear todas estruturas e o próprio espaço. Em outro artigo [http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/1082511-um-caminho-tortuoso.shtml] o Gleiser discorre brevemente sobre a suplantação da explicação do Lorentz e do Fitzgerald [contração das hastes do aparato destinado a encontrar o éter devido a choques com o mesmo] para a não detecção do mesmo pela ideia do Einstein de que a mesma contração ocorreria em função da ligação intrínseca entre espaço e tempo.

Caso exista alguma estrutura rígida com formato adequado a formar um giroscópio e que rotacione com um milhão de RPM este será um excelente dispositivo de memória. Só não sei se conseguiríamos usá-la.

Um grande abraço e boa sorte a todos nós.

PS: Tentando resumir meu texto anterior a respeito do que produziria o efeito de massa inercial, se massa é a dificuldade que uma entidade apresenta a ser acelerada, ou seja, ter alterado seu estado de movimento, então, em um cenário em que todas as estruturas e partículas do Universo fossem formadas por partículas fundamentais ou por arranjos das mesmas:

- Uma única partícula fundamental apresentará massa, pois apresentará resistência a ser acelerada, mesmo que não tenhamos a menor condição de medir esta massa. Por menor que seja a quantidade de matéria desta partícula [fundamental], se ela estiver em velocidade próxima à da luz no vácuo, por exemplo, ela apresentará uma dificuldade proporcionalmente maior de ter a sua velocidade diminuída, ou seja, acelerada negativamente. E se estiver em repouso em relação a um ponto, não é plausível que ela passe a mover-se sem dispêndio de energia por parte de uma entidade objetivamente existente e, portanto, concreta, dotada também de massa e matéria.

- Uma partícula qualquer, de matéria bariônica ou não, ao ser constituída por partículas fundamentais, apresentará massa, por ser constituída de entidades com massa.

- Qualquer estrutura terá massa, por ser constituída de entidades com massa.

- O espaço não terá massa, por não ser constituído de entidade com massa.

- O tempo não terá massa, por não ser constituído de entidades com massa.

Isto tornaria a todas as estruturas e partículas entidades dotadas de massa, mesmo fótons e quaisquer bósons efetivamente existentes, e o que assim não estejamos considerando, seria por falta de capacidade técnica de medi-las. Nada escaparia desta necessidade, exceto o espaço e o tempo, conforme acima.

Se não, por que não?
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Bosco
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Posted: Sun Jun 17, 2012 11:44 pm Post subject: Re: O que produz o “efeito massa inercial”



Robson Z. Conti wrote:
Em outras palavras, o que leva uma estrutura a apresentar oposição a ser acelerada?

Este assunto, aparentemente simples, pode conter algumas armadilhas, ou não estaríamos ainda discutindo o mesmo mais de dois mil anos depois dos primeiros filósofos passarem a investigar a realidade.

Concordo. Já investi muito tempo, na tentativa de compreender as origens deste fenômeno.
Penso mesmo que este é um bom assunto, e uma boa oportunidade para desenvolvermos aqui no fórum, com a ajuda dos leitores, e interessados, um trabalho conjunto, de forma a progredirmos para um entendimento maior de todas as facetas deste fenômeno.
Newton se debruçou sobre este problema numa experiência famosa chamada "Balde de Newton", onde ele conclui sobre a necessidade de um referencial absoluto, para justificar a inércia dos objetos.
http://www.fflch.usp.br/df/opessoa/FiFi-10-Cap06.pdf
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Robson Z. Conti
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Posted: Mon Jun 18, 2012 12:39 pm Post subject:



Esta conversa toda sobre referenciais sempre me aparentou mais um dos frutos de nosso insipiente estado de conhecimento efetivo da essência das coisas. Em termos gerais o princípio de Mach, bastante citado no documento do FFLCH, propõe que o espaço é apenas a distância entre os corpos, o que o levaria a não ter existência intrínseca.

Apesar de poder assim não parecer, tenho tentado não postar textos demasiadamente longos aqui mas, neste caso, vou fazê-lo de modo a mostrar através de reflexões anteriores que fiz a este respeito os motivos de eu não assim considerar o espaço [pedindo desculpas antecipadas pelo tamanho do texto].

Das três grandezas que temos considerado como fundamentais (base do LMT), vou tentar tratar um pouco do que conhecemos por extensão, comprimento, distância, ou seja, do espaço.

Apesar das designações acima utilizadas serem rotineiramente utilizadas como denominações equivalentes da mesma entidade, elas não representam exatamente a mesma coisa quando estamos tratando de defini-las em última instância. Elas na verdade representam situações que, apesar de nos parecerem idênticas, podem ser totalmente diferentes.

Pois um objeto espacialmente distendido, daí o termo extensão, existiria em um ambiente em que o espaço e o tempo estariam fundidos de maneira inseparável no que se denomina usualmente de espaço-tempo no meio científico, o qual, por sua vez, existiria como efeito de campos gravitacionais produzidos pela matéria.

Por outro lado, quando falamos de comprimento, estaríamos nos referindo ao tamanho físico de uma estrutura em um espaço absoluto, totalmente separado do tempo e dos corpos. Já a distância seria apenas a separação existente entre dois corpos, em uma situação em que o espaço nem mesmo existiria, apenas os corpos.

E finalmente o espaço seria o nome que usualmente se dá a qualquer uma das três situações e, da maneira de costume, decidi apenas verificar quais os efeitos e as interações do que usualmente chamamos de espaço para ver onde chegaríamos.

Como eu disse no início, alguns pensadores [Einstein] desconfiam que não haveria a existência separada de algo a que chamamos espaço [absoluto, de Newton] e consideram que a sua existência dependeria da quantidade de matéria, a qual, ao produzir campos gravitacionais, produziria o espaço. Que até existiria, só que como espaço-tempo, e não como apenas espaço. Outros [Mach] consideram que apenas existem os corpos e que a distância entre eles é que chamamos espaço, de modo que nem existiria um espaço absoluto e nem ele ligado de forma inseparável ao tempo.

Os autores das teorias acima são todos grandes gênios, de maneira que, mesmo que eu levasse em consideração a autoridade de alguém para definir este assunto, eu não conseguiria neste caso. Na última hipótese, no entanto, a situação aparentou-me mais estranha porque, se o espaço (ou espaço-tempo) não existir e apenas for a distância entre as estruturas existentes, então o que realmente estaria separando as estruturas seria o nada. E nada, por não existir, não pode separar algo.

De maneira a procurar obter um pouco mais de clareza a este respeito, imaginei o que ocorreria se alguma estrutura fosse projetada de modo especialmente violento e se distanciasse do conjunto de corpos do Universo, avançando em uma região até então totalmente vazia. Aparentou-me que não aconteceria absolutamente nada de mais, apenas passaria a haver maior distância entre esta estrutura e cada uma das demais estruturas do Universo [finalmente teríamos encontrado uma situação em que as trajetórias seriam efetivamente retilíneas pois, uma vez fora do alcance dos campos elétricos e gravitacionais do Universo, ela se deslocaria em linha reta até que algo a perturbasse].

Eu até entendo como plausível a existência de um corpo ou conjunto de corpos em uma situação em que, externa a eles, não existiria “nada”. Mas entre eles haveríamos de ter “algo” a separar a matéria, pois nada nem sequer existe e o que não existe não pode produzir nenhum efeito, nem mesmo separar algo de outro algo.

Pensei então no que ocorreria se esta estrutura fosse bem pequena, ou então apenas uma única partícula elementar de matéria, e fosse lançada a uma distância muito grande do conjunto de estruturas que compõem o Universo. Aparentemente não mudaria nada em relação à análise anterior e o Universo apenas se tornaria muito maior.

Só que isto teria implicações. Pois se o Universo puder crescer tanto, sem acréscimo correspondente de massa, ou seja, de campos gravitacionais, então não haveria realmente a necessidade de campos gravitacionais para produzir espaço pois, se apenas uma pequeníssima partícula de matéria que se distanciasse do conjunto poderia aumentar de forma muito significativa o tamanho do Universo, não haveria a menor necessidade de campos para produzir espaço.

A pura distância entre os corpos passou a ser considerada algo também real, porém visualizável pela mente, diretamente observável e mensurável, além de ser capaz de produzir efeitos, mesmo sendo totalmente destituído de matéria. Enquanto o tempo era imaterial, mas também inobservável por qualquer processo, o espaço havia passado a ser considerado imaterial mas observável e mensurável a olho nu, tendo se tornado um nada que podia ser visto a olho nu, medido por réguas e ainda separar corpos materiais, ou seja, produzir efeitos.

Este cenário é algo que dificilmente se sustenta mesmo para pessoas com maior tendência para crer no que não estão vendo sem questionar muito. Tive a clara noção que tinha me enganado (e muito!). E repentinamente me dei conta de que eu tinha assumido como verdadeira uma situação que eu não poderia fazê-lo.

Eu já estava estranhando muito esta estória do nada conseguir separar corpos materiais e de aumentar significativamente o tamanho efetivo deste universo com apenas uma partícula elementar se separando do conjunto já existente, quando caiu a ficha e percebi que uma partícula, ao ser lançada para uma posição além da qual não haveria mais nenhum corpo, só avançaria se já efetivamente existisse espaço disponível. Que voltaria portanto a ser o espaço clássico de Newton e Galileu. Ou não avançaria, se ele fosse o espaço-tempo de Einstein.

Isto fez-me lembrar um sério problema conceitual que eu tenho, a respeito do infinito, repentinamente trazido à tona por esta questão. Pois a opção pelo espaço absoluto pediria um espaço infinito, o que considero um seríssimo problema. Eu já estava feliz pois finalmente eu estava com uma possível solução para o enigma de Arquitas de Tarento, o qual, em linhas gerais seria: o que acontece com uma lança ao ser arremessada no limite do Universo; ela ricocheteia e volta, ou ela some?

Este enigma seria uma armadilha para tentar demonstrar que o Universo teria de ser infinito. Pois se a lança não retornar o Universo seria infinito e se retornar também, pois haveria algo “fora” do Universo limitando-o, o que seria também infinito. Mesmo que houvesse algo limitando o que limitaria este universo, este algo não poderia ter limite a não ser que algo o limitasse e assim por diante. Mas foi pura ilusão minha e o enigma continuava valendo.

[Quanto à questão da existência do infinito prefiro deixá-la para ser tratada em outra ocasião. Até lá considero mais prudente abster-me de tratar da questão do infinito devido a considerá-lo especulativo demais, em razão de algumas questões: nada infinito jamais foi observado, o infinito não tem como ser nem mesmo imaginado e operações matemáticas com o infinito produzem resultados em que a sua prova real exigiria que o infinito assumisse valores distintos de modo a validar cada uma das operações.]

Perguntei-me então se eu realmente tinha alguma evidência de que a lança de Arquitas (ou uma singela partícula elementar de matéria) ricochetaria ou se continuaria. E eu não tinha. Apenas tinha as hipóteses, uma de Newton, outra de Einstein e outra de Ernst Mach. Resolvi então, na total ausência de evidências concretas, trabalhar apenas com a lógica e eliminar primeiro a opção que teria como implicação que o nada poderia separar algo, de forma que a hipótese do espaço ser apenas a distância que separa os corpos foi eliminada a princípio.”
[Estas reflexões foram originalmente escritas há aproximadamente dois anos]

Além disto, como não podemos considerar que uma única partícula fundamental poderia ser acelerada (positiva ou negativamente) sem necessidade de força (seria milagre, se existissem), então a consequência que diz que “um corpo em um universo vazio não deve ter inércia; ou, toda inércia de qualquer corpo tem que vir de sua interação com outras massas no universo”, prevista por Einstein do princípio de Mach, estaria sendo contrariada (se bem que o próprio Einstein desistiu de tentar trabalhar com este princípio, depois de ter sido influenciado por ele para o desenvolvimento da Teoria da Relatividade).

Quanto ao balde de Newton, depois falo dele para não deixar esta postagem ainda maior.

Um grande abraço e boa sorte a todos nós.

PS: Mais uma vez me desculpo pela extensão do texto, mas não consigo tratar assuntos com este nível de complexidade sem considerar ao menos algumas das possibilidades da forma a mais isenta a mim possível.
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Bosco
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Posted: Mon Jun 18, 2012 9:02 pm Post subject:



Podemos começar a pensar no assunto da origem da inércia, debatendo inicialmente sobre a necessidade de um referencial que permita identificar em relação a que, um objeto é acelerado.
Na experiência do Balde, Newton jura que a água que gira, assume um formato paraboloide, graças a um referencial absoluto.
http://www.fflch.usp.br/df/opessoa/FiFi-10-Cap06.pdf
Afinal, a água precisa ou não de um referencial externo ao balde, para "saber" em que momento deve alterar seu formato, considerando que aparentemente seu único referencial, e contato com o universo, são as paredes do balde?
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Posted: Tue Jun 19, 2012 8:25 pm Post subject:



Quote:
Afinal, a água precisa ou não de um referencial externo ao balde, para "saber" em que momento deve alterar seu formato, considerando que aparentemente seu único referencial, e contato com o universo, são as paredes do balde?

Sim, acho que a água sempre necessita de uma informação devidamente atrelada a um referencial preferencial externo ao balde, capaz de definir as condições reais de aceleração do sistema, e de uma forma absoluta.
Newton estava certo, este referencial é necessário, porém não é universalmente absoluto conforme ele infelizmente (para si) pensava.
Existe sim, um referencial externo ao balde que baliza constantemente os movimentos que ocorrem internamente.
Este referencial é o campo gravitacional de cada partícula da água, que por ser extenso, consegue "saber"o que ocorre dentro do balde, mesmo estando externo a ele. As paredes do balde são transparentes e incapazes de interferir na forma ou intensidade do campo gravitacional da água.
Quando a partícula de água é arrastada pelas paredes do balde, o seu (da partícula de água) campo gravitacional distribuído em volta de sí, por ser extenso, demora um tempo para acompanhar o arraste imposto á água. A diferença de movimento entre a partícula e a distribuição geométrica do seu próprio campo, são o verdadeiro motivo do formato paraboloide.
Considerando que cada partícula tem seu próprio campo, de uma forma independente das outras partículas de água, este referencial externo então se caracteriza como relativo e não absoluto como pensava Newton, embora as condições de movimento entre uma partícula e o seu campo respectivo sejam absolutas. Este fato permite prever que uma partícula solitária e orfã de universo à sua volta, mesmo assim tem a integridade da sua inércia m garantida, por esta ser imposta pelo seu campo gravitacional, e não pelas estrelas como queria Ernst Mach.
Conclui-se também, que o único referencial genuíno e capaz de fornecer as reais condições de aceleração de um objeto, de uma forma direta e absoluta, é o seu próprio campo gravitacional. Os demais referenciais inerciais conhecidos funcionam porque de uma forma sempre indireta eles se comparam ao campo da partícula em questão.
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Robson Z. Conti
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Posted: Tue Jun 19, 2012 11:22 pm Post subject:



Antes de mais nada vou saldar Newton, o grande mestre. Apesar de eu não reconhecer autoridade e tentar me manter cético até ter evidências objetivas ou conclusões lógicas fundadas em premissas irrefutáveis ou ao menos plausíveis, aprendi a respeitar o grande mestre mesmo em áreas em que ele tem sido questionado ultimamente (isto não deveria chocar pois, se estão mudando interpretações de Newton na própria física clássica, o que não esperar na física de partículas e cosmologia).

Ainda assim, e com todo o respeito que devo ao grande mestre, esta questão de referencial inercial é um assunto espinhoso (parece que em termos fundamentais pouca coisa escapa desta classificação) e deve ser investigada sem a menor cerimônia por quem se dispõe a investigar o mundo e suas coisas, se bem que publicar contra posições de Newton em questões de dinâmica é coisa que poucos se atrevem (seria como publicar contra as escrituras na idade média, a fogueira hoje pode ser virtual, mas é certa).

Entendo que as posições do grande mestre devem ser consideradas no contexto histórico em que ocorreram, em que não se tinha a abrangência atualmente existente a respeito da estrutura da matéria ser constituída de átomos e moléculas, e nem dos detalhes de como seria esta constituição, que é o que mais me leva a admirá-lo, pois ele acertou muito sabendo muito pouco em relação ao conhecimento hoje disponível (apesar de ser contestado atualmente na física de partículas e na cosmologia, as vezes me pergunto se ele efetivamente se equivocou em alguma coisa ou se nós é que não estaríamos nos equivocando, já que com tantos recursos só criamos paradoxos e as teorias que explicam o microcosmo, o mundo cotidiano e o cosmo não são coerentes entre si).

Quanto ao famoso balde de Newton, a impressão que atualmente tenho a respeito deste assunto é basicamente que:

(a) Balde e água parados
Em virtude da falta de fonte de força para alterar o estado de movimento de ambos, estes se mantêm sem movimento angular em relação à superfície do planeta.

(b) Balde girando e água ainda parada.
A rigor esta situação não existe da maneira apresentada, pois a água é um fluido e neste caso, assim que o balde inicia o seu movimento de rotação, a interação entre as paredes internas do mesmo e as moléculas mais externas de água coloca sempre e todas as vezes, sem exceção alguma, algumas destas moléculas em rotação relativa à superfície do planeta. O que ocorre efetivamente neste estágio poderia ser mais apropriadamente descrito como “Balde girando e parte da água ainda parada em relação à superfície do planeta”.

(c) Balde girando e água girando junto.
Com o passar do tempo e a continuidade da rotação do balde, a interação entre as moléculas da água passa a transmitir a aceleração proveniente da parede do balde às demais moléculas, sempre com algum escorregamento, de forma que, enquanto a força motriz da água estiver no balde e sua velocidade não se altere, este sempre terá velocidade angular levemente maior que a da água e mesmo nela as velocidades das regiões externas será marginalmente maior que a das internas.

Ou seja, em termos restritos, o balde a água giram simultaneamente mas não exatamente na mesma velocidade, a qual é levemente diferente para cada molécula de água. Esta situação também poderia ser melhor descrita com “Balde girando em relação à superfície do planeta e água procurando acompanhar”.

(d) Balde é parado, mas água continua girando.

Neste caso, com a cessação da força motriz (anteriormente proveniente da rotação do balde) a água continua em seu estado de movimento anterior até que sofra a interferência de uma força que modifique esta condição.

No nosso caso isto mais uma vez se dá pela interação entre as moléculas das paredes internas do balde com as moléculas mais externas da água, de forma que as primeiras passam a trabalhar como um freio, acelerando negativamente as moléculas da água até a equalização dos estados de movimento do balde e de todas as moléculas de água em relação à superfície do planeta.

[Preferi fazer uma análise mais pormenorizada do que se passa pois, apesar de aparentemente não ser o caso desta vez, este tipo de diferença pode parecer insignificante à primeira vista, mas pode ser útil em assuntos em que os mínimos detalhes fazem a diferença]

Além do detalhe da água ser um fluido e não um corpo, a rigor a rotação dela e do balde sempre foram tomados em relação à superfície do planeta, o que indica um referencial que não é universal, mas em nada muda a análise do mestre, pois se o planeta deixasse de girar observaríamos os mesmos fenômenos, conforme o mestre relata, aliás.

Outro detalhe é que há um trecho no documento do FFLCH-USP que diz “A tendência da água de subir as paredes do balde é um fenômeno real, consequência de uma aceleração radial da água”, o qual pode nos dar uma pista para a solução deste caso, apesar deste assunto ser tabu na academia até mesmo para pessoas como o próprio Assis, do IFGW-UNICAMP (mesmo sendo contestador do modelo padrão, ele segue a linha oficial e diz não haver aceleração radial alguma, e sim totalmente tangencial).

Se das mesmas causas podemos e devemos esperar os mesmos efeitos, e parece ser este o caso, uma parte da explicação para que o quadro “d” (água em movimento e balde parado) tenha idêntico formato (paraboloide) e movimento relativo diferente em relação ao quadro “c” (água e balde em movimento rotativo), é que o formato da água simplesmente não é efeito apenas do movimento do balde e sim de um conjunto de causas.

Este formato (paraboloide), no quadro “d” (água em movimento e balde parado), tem a mesma causa que produziu o formato no quadro “c”, ou seja, o movimento rotativo da água e a existência de uma barreira (as paredes do balde) entre o centro do sistema em rotação e a região que o circunda, conjunto este que é a causa efetiva do formato e não a condição do balde.

Sendo a água um fluido não se pode esperar que toda ela imediatamente perca o seu movimento assim que a fonte de força motriz deixa de fornecer-lhe energia. A própria inércia mantém a água em movimento até que a energia se dissipe pelo atrito com a superfície interna do balde.

Nesta situação o motivo do formato paraboloide manter-se é também decorrente da mesma inércia pois, se o movimento da água e existência das paredes do balde a levam a este formato, então com a continuidade da existência das paredes do balde e deste movimento que gradativamente se perde (em função da aceleração negativa produzida pela interação das moléculas da água com as moléculas do balde), há também a continuidade do formato por um período de tempo, enquanto houver movimento da água e as paredes do balde.

Da mesma maneira, quando o movimento relativo é igual (nas figuras “a” e “c” a água está virtualmente no mesmo estado de movimento que o balde), mas o formato é diferente (formato plano em “a” e paraboloide em “c”), o motivo é o mesmo, pois a causa do formato está na existência das paredes do balde e no estado de movimento do fluido (água) e não na relação entre eles.

Em relação à existência de um referencial absoluto mais uma vez a impressão que se tem é que Newton , o grande mestre, mais uma vez tinha razão pois, em um cenário em que se exige um referencial, e este não sendo o balde, a Terra ou as estrelas, apenas sobrará o próprio espaço.

Há, no entanto, alguns detalhes adicionais em relação a este experimento. A rigor, também a origem da força normal, decorrente da interação entre a água e o balde deveria ter sido considerada em um análise mais ampla, pois sem os mecanismos que a produzem não haveria a interação entre o balde e água e provavelmente nem a força gravitacional. Mas isto seria uma análise muito longe das possibilidades da época de Newton e mesmo de hoje, pois ainda estamos sem uma teoria de tudo que seja completa e suficientemente abrangente.

Atendo-nos a detalhes a respeito dos quais podemos falar com um pouco mais de conhecimento, o que possibilita a interferência entre a água e o balde, levando-a a ser acelerada (positiva ou negativamente) por ele é a existência de força gravitacional. Sem ela o fenômeno não se passaria da maneira descrita por Newton, o que poderia ser um indício de que, se a força gravitacional depender do conjunto de estruturas massivas de todo o Universo, então pode ser que as conclusões possam ser alteradas.

Só que, conforme demonstrou Einstein, a equivalência entre atração e aceleração pode dispensar a interferência do restante do universo, de forma que em um universo vazio e com um balde sendo acelerado em direção à sua parte aberta (superior), ocorreria o mesmo fenômeno sem a necessidade de absolutamente nenhuma estrutura além do balde e da água.

Paradoxalmente aparenta-me que o princípio de equivalência (do Einstein) confirmaria a conclusão de Newton pois, em um cenário em que se considere a necessidade de referenciais em relação aos quais as velocidades sejam medidas e os efeitos observados, não sobraria nenhum que não fosse o espaço absoluto.

Ainda assim pode ser questionada a necessidade deste referencial para a natureza, pois ela é autossuficiente e em nada necessita de nossas observações e medições. A impressão que as vezes me vem é que ainda não nos libertamos totalmente do ptolomismo, nos considerando ainda centrais e necessários ao Universo, pois nossas medições e observações é que definiriam a realidade, esquecendo-nos que ela existiu sem nós e principalmente sem nossa capacidade de fazer medições precisas dela por ao menos 13,6999999 bilhões de anos.

Confesso-me humildemente copernicano, ou seja, considero que somos tão necessários ao Universo e à realidade quanto um pinguim necessita visitar a grande pirâmide, ou seja, o Universo não necessita de observadores, de teorias ou de nós por qualquer motivo, ele apenas existe e é o que é, totalmente objetiva e independente do nós, o que pode finalmente me colocar em posição não totalmente concordante à do mestre Newton, se bem que, em última instância, tenho a clara impressão de que ele continuará mais certo do que eu.

Aparenta-me que outro experimento mental por ele apresentado, o “de dois globos ligados por uma corda”, no qual, “quando o sistema gira, surge uma tensão na corda”, o que não ocorreria “se as estrelas fixas girassem em torno dos globos e estes ficassem parados, segundo a física de Newton”, com isto pretendendo mostrar que “a tensão na corda só poderia ser explicada pela rotação dos globos em relação ao espaço absoluto”, também ocorreria em um espaço-tempo einsteiniano.

Um grande abraço e boa sorte a todos nós

PS: Escrevi este texto em seguida ao texto “Posted: Mon Jun 18, 2012 9:02 pm”, não tendo sido considerado o posteriormente postado.
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Robson Z. Conti
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Posted: Mon Sep 10, 2012 11:08 pm Post subject:



Outro detalhe que me vem neste caso é que, se a força gravitacional tem alcance ilimitado, considero pessoalmente muito complicado admitir que uma partícula do tamanho de um próton (10-15 m) ou mesmo de um elétron livre (10-18 m) possa produzir efeitos em distâncias na casa dos 1016 metros (em torno de 1 ano luz) ou mais, mesmo que este próton ou elétron esteja acompanhado de trilhões de trilhões de outros.

No momento não consigo ter claro qual seria o alcance da atração gravitacional de uma partícula ou corpo no cenário produzido por empenamentos do espaço-tempo. A princípio aparenta-me um efeito apenas local. Já que descrevem o tecido do espaço-tempo como uma superfície em expansão, fico tentando imaginar, por exemplo, como um empenamento na Baia da Guanabara produziria efeito atrativo sobre algo na Baia de Tóquio? É claro que a realidade seria tridimensional (ao menos) e não bidimensional, mas isto aparentemente não mudaria esta situação.

No caso da força gravitacional ser decorrente de aceleração e expansão, a impressão que atualmente tenho é a mesma, pois analogamente não consigo perceber como uma maior dificuldade de acelerar uma pequena porção da Baia de Todos os Santos produziria efeitos sobre outras porções localizadas no porto de Xangai, na Baia de Sidney e também na de Toquio.

O mesmo problema, e ainda mais agravado, teríamos ao admitir a matéria bariônica como fonte de força centrípeta intrínseca com todo este alcance, na minha opinião, milagroso, pois haveria muito efeito para pouca energia. Penso ainda que o mesmo problema poderia nos assaltar se partículas como os hipotéticos grávitons fossem responsáveis pela força gravitacional: como uma quantidade relativamente pequena de bósons, oriundas de uma partícula nanoscópica poderia produzir efeitos em distâncias ilimitadas?

Alguém teria uma sugestão a este respeito? Como poderia a força gravitacional ter alcance ilimitado dentro das 4 soluções acima delineadas?

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Robson Z. Conti
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Posted: Wed Sep 12, 2012 8:27 pm Post subject:



Voltando um pouco a nossa atenção para o conceito de massa, no pensamento cotidiano ele em geral é considerado como decorrente da quantidade de matéria que alguma entidade possui. O próprio termo “massa” (do grego) tem como significado um bolo de cevada, de modo a designar a maneira que se supunha ser estrutura da matéria que produziria este efeito. Isto leva a massa a ser considerada usualmente como a “quantidade de matéria”, tanto que nos referimos automaticamente a uma cifra em Kg ou toneladas (unidades de massa e não de quantidade de matéria, cuja unidade é o MOL) para informar este atributo para quaisquer corpos, inclusive os nossos.

Já no meio acadêmico este termo tem como significado a quantidade de resistência que uma entidade opõe a ter seu estado de movimento alterado. O uso da dificuldade de aceleração para definir massa tem seu significado fortalecido em um cenário einsteiniano, em que se toma a equivalência entre massa inercial e gravitacional.

Atualmente eu estou desconfiado da equivalência entre o puxão gravitacional e o empurrão oriundo de pressão. Eles são indistinguíveis em seus efeitos dinâmicos (produzem idêntica alteração de velocidade), mas não em seus efeitos morfológicos. Quando temos um “puxão”, a dianteira do corpo puxado é esticada por forças de maré, enquanto que, com o “empurrão”, a traseira do corpo é comprimida pelas partículas que empurram o referido corpo.

O problema é saber se temos capacidade de definir isto pois, como o campo gravitacional não é blindável, não temos como isolar uma região de um corpo da força gravitacional de modo a fazer experimentos. Quando um aspirador de pó succiona um fluido, percebemos ação de forças de maré, mesmo sabendo que ali há empurrão e não puxão (é a pressão atmosférica que efetivamente empurra os detritos para o interior do aparelho).

O mesmo ocorre com as marés oceânicas, se bem que este é o caso sob suspeita, ou seja, aquele em que estamos investigando se há puxão gravitacional (como em geral se imagina e mais de acordo com as ideias de Newton que o definia como um tipo de força centrípeta), aceleração decorrente de expansão do espaço-tempo (decorrente da teoria da relatividade), adequação à geometria cósmica (também decorrente da teoria da relatividade) ou empurrão (como estou desconfiado, sujeito a revisão).

Usando o corpo humano como corpo de prova (com a vantagem de usar nossos sentidos em vez de complicadas medições por região) quando uma parte dele fica sem sustentação, esta parte passa a sofrer efeitos visíveis da aceleração em direção ao centro de massa do corpo celeste mais próximo.

Se colocamos uma pedra ou algo similar entre uma parte do nosso corpo e o centro do planeta, a pedra deformará a parcela do corpo em que se apoiar. Poderíamos assim nos perguntar se não estaria sempre ocorrendo o mesmo com a força gravitacional, apenas com a pressão aplicada sendo uniformemente distribuída por todo o nosso corpo? Só que, da mesma forma, conseguimos produzir deformação em apenas uma pequena área do corpo prendendo um objeto na face do corpo voltada para a região que produz a atração gravitacional.

O grande problema nestes casos é que a gravidade não pode ser isolada, de forma que nenhum teste que se possa imaginar pode efetivamente distinguir o puxão, a aceleração ou o empurrão (a deformação de um corpo de prova cilíndrico, por mais delicado que fosse, desapareceria totalmente em situação de ausência virtual de gravidade, e passaria a existir sempre da mesma maneira com o aumento gradativo dela, qualquer que fosse a explicação para a existência da mesma).

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Robson Z. Conti
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Posted: Fri Sep 14, 2012 4:57 pm Post subject:



Robson Z. Conti wrote:
a gravidade não pode ser isolada, de forma que nenhum teste que se possa imaginar pode efetivamente distinguir o puxão, a aceleração ou o empurrão

Apesar do princípio da equivalência que não nos permitiria saber se estamos sendo acelerados para cima ou atraídos para baixo (o que é a mesma coisa que dizer que não podemos dizer se estamos sendo empurrados em um sentido ou puxados no sentido contrário a não ser que a força seja dirigida a uma pequena área) não nos exime, em termos efetivos, da realidade objetiva determinar que apenas um dos dois estará ocorrendo, apesar de não o podermos determinar.
Robson Z. Conti wrote:
Alguém teria uma sugestão a este respeito? Como poderia a força gravitacional ter alcance ilimitado dentro das 4 soluções acima delineadas?

Por outro lado aparenta-me ser perfeitamente plausível imaginarmos que a pressão existente em um sistema fechado seja presente em todas e em cada uma de todas as mais ínfimas porções dentro do mesmo, de modo que a variação em uma região, por distante ou diminuta que seja, automaticamente transmitiria seus efeitos em todo a conjunto, que é o que ocorre com a força gravitacional. Isto aparentemente torna coerente a hipótese da força gravitacional ser decorrente da pressão interna existente em uma camada deste universo.

Em todos os cenários a respeito do quais foi tentado imaginar um corpo de dimensões negligenciáveis produzindo efeito em distâncias ilimitadas, isto só é possível se existir algum material preenchendo um espaço, de tal maneira que uma mínima alteração em qualquer ponto acaba por se refletir em todo o volume do referido espaço.

Fica, ao menos temporariamente, a impressão de que, para ter um alcance do qual ainda não conhecemos o limite, a alternativa que restaria com condições de produzir os efeitos que a força gravitacional produz seria a de uma pressão.

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Robson Z. Conti
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Posted: Sat Sep 15, 2012 10:17 am Post subject:



Num artigo que pode ser encontrado no site do Prêmio Nobel de 1993... http://nobelprize.org/nobel_prizes/physics/laureates/1993/illpres/discovery.html
...é interessante que esteja definido que, de acordo com a teoria gravitacional de Albert Einstein, “Gravity no longer appears as a force” [Gravidade não mais aparece como uma força]. Este é um daqueles casos em que os termos dos especialistas me deixam intrigado.

Para não nos perdermos em discussões intermináveis a respeito que seria força, como ocorre com o tempo e o espaço (que podemos alegar serem intangíveis, de modo a ao menos termos uma desculpa para e nossa ineficiência coletiva em defini-los), vou aqui reproduzir a definição de unidade de força no Sistema Internacional de Unidades (SI).

“Unidade de força - A unidade de força [no Sistema MKS (Metro, Quilograma, Segundo)] é a força que comunica a uma massa de 1 quilograma a aceleração de 1 metro por segundo, por segundo.”

Pela definição da unidade de força (F) pode-se deduzir as suas características fundamentais, de maneira que ela terá o seu valor dependente da massa (m) e da aceleração (a) do corpo dotado desta massa (F=m.a). Por sua vez a aceleração será a capacidade de uma força em produzir alteração da velocidade (em metros por segundo) de um corpo em cada período de tempo (em segundos), tanto que é medida em metros por segundo a cada segundo (m.s-2).

Levando-se em conta a definição de unidade de força, sempre que algo tiver capacidade de produzir a alteração de velocidade de certa quantidade de massa ele será dotado de força. Analogamente, sempre que algo dotado de massa tiver velocidade, isto é, aceleração armazenada em relação a determinado ponto, este algo dotado de massa terá energia, que é a capacidade de realizar trabalho (a própria palavra “energia” deriva do termo em grego para trabalho).

Se força for considerada aquilo que tem capacidade de acelerar uma quantidade de massa (afinal, f=m.a), então, no caso da gravidade não mais ser uma força, o que teria acelerado a massa que adquiriu velocidade em função da interação com um corpo massivo, e que em geral conhecemos por gravidade? Da mesma forma, a energia de que esta quantidade de massa passou a dispor, se não foi oriunda da aplicação de uma força que acelerou a referida massa, veio a existir em função do que, bons fluidos? A mais célebre tese para a força gravitacional (empenamento do espaço-tempo) ainda assim produz aceleração de massas e se ela não for uma força o que ela é, “afinidade natural”, como diria Aristóteles?

Mais e mais considero que este tipo de detalhe distancia o cidadão médio destes assuntos, ficaram muito complicados se olhados bem de perto e a esmagadora maioria foge disto, o que deixa apenas especialistas cuidando do assunto, produzindo uma situação que contém um risco para o conhecimento humano, restrito a pequenos grupos e inatingível para o cidadão médio.

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Jonas Paulo Negreiros
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Posted: Sun Sep 16, 2012 8:44 am Post subject:



Robson Z. Conti wrote:
Num artigo que pode ser encontrado no site do Prêmio Nobel de 1993... http://nobelprize.org/nobel_prizes/physics/laureates/1993/illpres/discovery.html
...é interessante que esteja definido que, de acordo com a teoria gravitacional de Albert Einstein, “Gravity no longer appears as a force” [Gravidade não mais aparece como uma força]. Este é um daqueles casos em que os termos dos especialistas me deixam intrigado.


Faltou pouco para o "bom velhinho" perceber que a gravidade não é ação, mas reação
...
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O que os homens realmente querem não são conhecimentos, mas certezas.
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Robson Z. Conti
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Posted: Mon Sep 17, 2012 2:41 am Post subject:



Ainda assim, fica a questão, se um objeto acelerado pela ação do que convencionamos chamar de gravidade (interação com um corpo com matéria bariônica, escura ou degenerada), não foi acelerado por uma força, ele foi acelerado pelo que, bons fluidos?

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Robson Z. Conti
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Posted: Mon Sep 17, 2012 10:55 pm Post subject:



Conforme o que se pode verificar no endereço...
http://universe-review.ca/F03-supercluster.htm
em 1999, o telescópio de raios-X na sonda Rosat detectou vento intergaláctico soprando através de superaglomerados. As observações mostraram a direção dos ventos pela forma como eles curvavam os jatos de gases eletrificados (plasma) emitidos a partir dos núcleos das galáxias (no mesmo efeito em que fumaça se curva a partir de uma chaminé). As direções dos ventos estavam alinhados com os aglomerados galácticos em superaglomerados, ou seja, ao longo do eixo do superaglomerado. Isto parece fornecer matéria, incluindo estrelas, galáxias e gás arrastados e transportados pelos ventos, para os aglomerados galácticos em crescimento”. Se isto estiver correto, então não é apenas a força gravitacional a responsável pelo adensamento dos superaglomerados.

A princípio esta informação pode passar despercebida e inocente, mas ela coloca em questão a afirmação de que a gravidade é quem vem produzindo a concentração de matéria nos superaglomerados de galáxias. E, por último, mas não menos importante, o que está fazendo com que o material se aglomere não é uma atração irresistível e sim a pressão exercida pelos sistemas vizinhos, os quais empurram matéria “para os aglomerados galácticos em crescimento””.

Aos poucos o quebra-cabeças vai sendo montado e desvendado.

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Robson Z. Conti
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Posted: Sun Sep 30, 2012 2:50 pm Post subject:



Em um cenário no qual a força gravitacional seja resultante da expansão, ele teria não apenas estar se expandindo como se expandindo cada vez mais rápido, de forma a manter constante a aceleração. Isto pediria fonte ilimitada, extremamente regular e linear de energia por tempo até hoje sem limite.

Que algo se mova a velocidade tão alta como a luz se move no vácuo, vá lá, mas a cada instante continuar a crescer a velocidade de forma a manter a aceleração, e isto ocorrer em todo o universo, me parece um belo exemplo de almoço grátis. Se bem que isto nem seria mais almoço grátis, virou banquete. Quem está pagando este banquete? Ou talvez seja mais adequado perguntar se é possível tanta energia ser fornecida por tanto tempo de forma tão regular e linear.

O fato da força gravitacional não ter limite de distância para sua atuação, aliado à necessidade de quantidades proibitivas de energia e com regularidade indiscriminadamente elevada para o modelo que usa a aceleração como fonte da força gravitacional, está me levando a considerar a possibilidade um mecanismo como o descrito pelo princípio de Pascal, no qual a alteração de pressão produzida num fluido em equilíbrio transmite-se integralmente a todos os pontos do líquido e às paredes do recipiente, como o responsável pela atração mutua entre corpos.

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Jonas Paulo Negreiros
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Posted: Sun Sep 30, 2012 9:06 pm Post subject:



Robson Z. Conti wrote:
Em um cenário no qual a força gravitacional seja resultante da expansão, ele teria não apenas estar se expandindo como se expandindo cada vez mais rápido, de forma a manter constante a aceleração. Isto pediria fonte ilimitada, extremamente regular e linear de energia por tempo até hoje sem limite.

Que algo se mova a velocidade tão alta como a luz se move no vácuo, vá lá, mas a cada instante continuar a crescer a velocidade de forma a manter a aceleração, e isto ocorrer em todo o universo, me parece um belo exemplo de almoço grátis. Se bem que isto nem seria mais almoço grátis, virou banquete. Quem está pagando este banquete? Ou talvez seja mais adequado perguntar se é possível tanta energia ser fornecida por tanto tempo de forma tão regular e linear.

O fato da força gravitacional não ter limite de distância para sua atuação, aliado à necessidade de quantidades proibitivas de energia e com regularidade indiscriminadamente elevada para o modelo que usa a aceleração como fonte da força gravitacional, está me levando a considerar a possibilidade um mecanismo como o descrito pelo princípio de Pascal, no qual a alteração de pressão produzida num fluido em equilíbrio transmite-se integralmente a todos os pontos do líquido e às paredes do recipiente, como o responsável pela atração mutua entre corpos.

[]s


Bem, Robson,

Sabemos que a natureza odeia o vácuo. Se tudo cresce neste espaço evacuado, tudo dilui-se. Desta maneira a energia não precisa ser crescente, pois toda a massa cósmica vai se tornando rarefeita.

Se a energia da origem do big-bang ainda é a mesma e a massa cósmica está perdendo densidade, nada impede da velocidade de expansão cósmica aumente cada vez mais. Para esse modelo gravitacional funcinonar, "basta" que o espaço cósmico seja infinito, ou caminhe para esse limite
...
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Bertrand Russell

Robson Z. Conti
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Posted: Mon Oct 01, 2012 2:31 pm Post subject:



Oi Jonas,

Eu comecei a escrever um pequeno comentário à sua postagem e quando percebi ele já estava bem grandinho.

Antes de discutir a questão da energia, em um cenário no qual a força gravitacional é explicada pela expansão cósmica, para que esta força seja a mesma em idênticas condições (isto é, entre os mesmos corpos) seria necessário que a expansão se produzisse sempre com a mesma taxa, já que estamos utilizando o princípio de equivalência entre a atração gravitacional (newtoniana) e a aceleração da expansão.

Isto está acontecendo? A taxa de expansão está se mantendo estável desde o início ou ela teve alterações? Era a isto que eu me referia quando disse que “talvez seja mais adequado perguntar se é possível tanta energia ser fornecida por tanto tempo de forma tão regular e linear”.

[]s
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Robson Z. Conti
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Posted: Tue Oct 09, 2012 5:12 pm Post subject:



Quando li a mensagem do Jonas postada em Sep 30, 2012 9:06 pm, eu iniciei um pequeno comentário, mas quando vi ele já estava imenso. Preferi postar apenas o que está na postagem do dia 01/10 às 2:31 pm. De modo a demonstrar a minha posição em relação a este caso e principalmente a minha tentativa pessoal de buscar coerência na explicação da gravidade através da expansão cósmica, decidi publicar agora a íntegra da réplica sem revisar o que me veio à mente naquele dia. Considero que pode ser percebida a minha disposição em retornar a ter posição de concordância com a tese que mostra a força gravitacional como efeito da expansão (esta era também a minha opinião pessoal).
Jonas Paulo Negreiros wrote:
Sabemos que a natureza odeia o vácuo

Apesar deste ódio, é o que mais tem no universo.
Jonas Paulo Negreiros wrote:
Se tudo cresce neste espaço evacuado, tudo dilui-se. Desta maneira a energia não precisa ser crescente, pois toda a massa cósmica vai se tornando rarefeita

Então, pelo tempo decorrido desde o Big-Bang a nossa densidade deveria já ser muito próxima do vácuo mais perfeito, inclusive a das estrelas de nêutrons e buracos negros. Quando constatamos que existe a tendência dos fluidos em preencher espaços com menor densidade de ocupação por matéria de qualquer tipo, como é o caso do vácuo, imagino que quem está observando isto deva ter sua curiosidade despertada e se pergunte “por que é assim” e, algo que sempre me questiono, “qual a fonte desta energia”.

O que produz a expansão de um fluido de forma a levá-lo a ocupar o maior volume possível é o choque entre suas moléculas. Só que, se o volume for ilimitado, haverá um momento, que não deverá demorar muito, em que as moléculas não terão contra o que se chocar, de maneira que a situação se estabilizaria, a não ser que o suprimento de moléculas seja também ilimitado. Outro detalhe é que isto não incluiria sólidos, e tem muito sólido por aí.
Jonas Paulo Negreiros wrote:
Se a energia da origem do big-bang ainda é a mesma e a massa cósmica está perdendo densidade, nada impede da velocidade de expansão cósmica aumente cada vez mais. Para esse modelo gravitacional funcinonar, "basta" que o espaço cósmico seja infinito, ou caminhe para esse limite ...

Para que uma força (neste caso considerada como aquilo que é capaz de acelerar um corpo) seja capaz de acelerar algo positivamente, ou seja, prover-lhe energia para que aumente a sua velocidade, esta fonte de energia deverá ela própria estar o tempo todo com maior velocidade (da mesma maneira que a elevação da temperatura de um corpo por efeito de um fluido só pode advir se este fluido estiver com temperatura maior que a do corpo).

A que velocidade haverá de estar a expansão cósmica agora, para que o universo tenha mantido a aceleração gravitacional nestes 13,7 bilhões de anos? E qual a velocidade daqui a apenas mais 5 bilhões de anos, quando o Sol estará passando por sua fase gigante vermelha? Neste cenário, para que a gravidade continue a funcionar, ela necessitaria de uma fonte de energia ilimitadamente veloz. Como se não fosse o suficiente, isto deve ocorrer com uma regularidade espantosa, com a diferença de velocidade que manteria a aceleração constante (a gravidade em determinada situação estável é sempre estável). Este detalhe faz parte do cotidiano de quem trabalha com sistemas que usam força motriz, como ocorre na área elétrica, pneumática e hidráulica, principalmente. Para que o fluxo de energia (corrente elétrica, fluxo de ar comprimido, de óleo hidráulico ou de fluido térmico) seja constante, a força motriz deve manter uma diferença estável, a qual é a magnitude da força eletromotriz, da pressão fornecida pelo compressor ou pela bomba hidráulica.

Se a velocidade aumenta sempre no mesmo ritmo desde os primórdios do universo, de modo a manter a força gravitacional constante para as mesmas condições, então a diferença de energia sempre há de ser a mesma, mesmo que a velocidade esteja cada vez maior, o que pede uma regulação muito fina da velocidade do que impulsiona a expansão. Usando um circuito elétrico como exemplo, para que a corrente elétrica cresça de forma ilimitada e em ritmo constante (o que é denominado de taxa de crescimento da corrente), ou a resistência ôhmica deve estar cada vez menor ou a tensão elétrica cada vez maior e eu entendo que isto seja inviável, tanto para um circuito elétrico quanto para o universo. Além disto, para que a taxa de crescimento da corrente elétrica (neste caso considerada como análoga ao crescimento da expansão cósmica necessária para produzir força gravitacional estável) seja constante e linear, esta diminuição da resistência ôhmica ou elevação da tensão elétrica haveria de ocorrer sempre na mesma taxa, o que pediria um regulador absurdamente afinado, o que entendo também inviável.

Como diminuir ilimitadamente a resistência ôhmica seria inexequível, restaria o aumento ilimitado e extremamente calibrado da tensão elétrica (ou da pressão do compressor ou da bomba hidráulica) de forma a manter o fluxo (de elétrons, ar comprimido ou de óleo) constante, pois a diferença de potencial haveria de ser mantida constante para produzir os mesmos efeitos em um sistema em que o potencial do polo negativo ou do terra (no caso de sistemas elétricos), a pressão atmosférica (no caso de sistemas pneumáticos) ou a pressão do tanque de óleo (no caso de sistemas hidráulicos) esteja aumentando sempre à mesma taxa, como ocorreria em um universo cada vez maior em taxas que mantivessem a força gravitacional como efeito desta expansão constante para as mesmas condições. A única alternativa para a diminuição eterna da resistência ôhmica ou para o aumento ilimitado da tensão em um dos polos da fonte seria a diminuição da tensão no outro polo (ou um aumento da tensão negativa dele), só que isto seria exatamente o contrário do que está acontecendo, pois a expansão cósmica estaria deixando o “terra” (o tamanho do universo) cada vez maior, e não menor.

Nos primeiros instantes em que pensei na hipótese da diminuição do potencial do “terra”, fiquei feliz por talvez ter encontrado uma alternativa na qual não havia pensado e que talvez tornasse plausível a solução apregoada pelo meu amigo Einstein (não é uma situação muito cômoda estar do lado contrário ao do dele em uma época em que ele é o arquétipo da genialidade, se bem que merecida), mas foi em vão. Pensei ainda em outra solução, na qual este universo, em vez de ser o equivalente ao circuito alimentado pela fonte, seria a própria fonte, de tal maneira que nele se passasse o que se passa internamente nas fontes, principalmente no caso de um gerador elétrico, no qual a tensão dos terminais de saída muda constantemente porém mantendo uma diferença fixa que é a tensão de saída, mas também não funcionou (aceleração constante pediria aumento constante da força motriz).

Pensei ainda em outra solução que me pareceu tornar plausível a aceleração decorrente da expansão cósmica produzir a força gravitacional. Se o universo observável for uma fina camada de estruturas de matéria expandindo-se de uma região central em direção às bordas, isto produziria o efeito desejado. Fiquei mais um instante feliz por finalmente poder concordar novamente com o meu amigo Einstein, mas a aceleração assim produzida seria apenas de tal forma que a atração seria exercida pelo suposto ponto central a partir da qual ocorreria a expansão, o que não é coerente com nossas observações, que mostram atração mutua entre corpos de matéria bariônica, o que pediria algo que emanasse destes mesmos corpos.

A derradeira tentativa (ao menos por enquanto) ocorreu quando lembrei de que, no meu modelo predileto, os prótons exalam fluxos de partículas subatômicas elementares (préons). Neste caso não haveria a expansão rápida das estruturas mas ao menos haveriam fluxos de préons saindo de dentro da matéria. Só que este seria o campo eletrostático que impede a penetração de um corpo de matéria bariônica pelo outro, é algo repulsivo e não atrativo.

Restou uma alternativa apenas para dar viabilidade à ideia da aceleração resultante da expansão cósmica ser a responsável pela força gravitacional: outras dimensões. Que é o que o meu amigo Einstein usou ao propor que o espaço não seria uma entidade distinta do tempo e que a expansão viria de dentro, onde estaria o tempo, o qual, de imaterial e quase indefinível que era, passaria a apresentar as propriedades de um fluido que insuflaria o balão cósmico, extremamente palpável e capaz de produzir efeitos em todas as estruturas materiais de qualquer tipo e tamanho. Estranha, muito estranha esta mudança de natureza intrínseca, milagrosa mesmo eu diria (além de também necessitar de fonte milagrosamente ilimitada de energia com regulação de velocidade tão afinada que seria mais que milagrosa).

Por falar em baixas probabilidades, o físico britânico Roger Penrose afirmou que “Qual a probabilidade de que, puramente por acaso, o Universo tivesse uma singularidade inicial que se parecesse mesmo remotamente com o que é? A probabilidade é de menos de uma parte em 10 elevado a 10 elevado a 123.” (O grande, o pequeno e a mente humana, Roger Penrose, Fundação Editora da Unesp, 1998). É simplesmente o maior valor numérico que já vi escrito, e me parece suficientemente elevado para estabelecer o tamanho das dificuldades com que os modelos com que atualmente tentamos descrever o mundo se deparam.

Por mais que eu tente, quando olho as coisas bem de perto, continuo com a impressão de que o Sócrates, o amigo do Platão (não o futebolista e nem o humorista), é quem tinha razão.

[]s

PS: Eu já tinha entregado os pontos quando me vieram uma possibilidade alternativa e um detalhe. A alternativa é que, de acordo com a expansão cósmica ocorre, mais e mais matéria passa a ficar cada vez mais distante, o que levaria todo o conjunto a ficar menos sujeito a força gravitacional e a passar a apresentar uma velocidade maior de dispersão em direção a regiões externas, onde existira vácuo. Esta velocidade não seria apenas maior, como cada vez maior, o que seria o equivalente a uma aceleração da expansão, tanto que é chamada de expansão acelerada, o que em tese parecia explicar ao menos a expansão ocorrer sem fonte ilimitada de energia. Só que mais uma vez há problemas para a tese do meu amigo Einstein pois, conforme a visão einsteiniana de Universo, não haveria esta situação, pois não teríamos distanciamento cada vez maior de corpos (isto era coisa do Mach) e sim a expansão do próprio “tecido do espaço-tempo”, com os corpos se expandindo junto com ele.

Já para quem defende a ideia de que a expansão de todas as estruturas explica a força gravitacional, como já foi o meu caso até pouco tempo atrás, está ideia me pareceu plausível a não ser por um detalhe. Se atualmente a expansão acelerada explicar a força gravitacional, e a expansão acelerada começou há aproximadamente 1 bilhão de anos, como tínhamos força gravitacional com as mesmas proporções que atualmente temos nos demais 12,7 bilhões de anos? Ou ela mudou? A mesma questão pode ser colocada também para os dias atuais, em que temos a expansão acelerada. Se ela está cada vez mais acelerada, pois a própria taxa de aceleração está crescendo, então deveríamos ter forças gravitacionais cada vez maiores, pois seriam resultantes de aceleração cada vez maior na expansão cósmica.

A variação na taxa de expansão levaria a força gravitacional a ser diferente e, como ela está em expansão acelerada, ou seja, a própria taxa está a cada instante maior, isto produziria uma força gravitacional cada vez maior, que não é o que estamos medindo (pessoalmente tenho clareza que a minha maior sensação de peso é efetivamente resultado da quantidade maior de aniversários e da necessidade de cuidar mais do meu peso e não da alteração da aceleração gravitacional, já que o espelho é coerente com a balança).

O detalhe adicional é que, neste cenário, com a quantidade de aceleração gravitacional sendo determinada pela velocidade da expansão cósmica, e a quantidade de expansão cósmica sendo determinada pela força gravitacional, a gravidade seria produto de si mesma, o que é um cenário com o qual pessoalmente fico muito pouco a vontade em qualquer situação, com seríssima disposição em desconsiderar as teses que apontam tais cenários (como pode ser observado, eu estou com muita vontade de concordar com o Einstein, mas não consigo deixar a imaginação solta a ponto de não verificar a plausibilidade das alternativas que consigo elencar para isto).

Mais abraços.
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Robson Z. Conti
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Posted: Thu Oct 11, 2012 1:28 am Post subject:



Eu tenho chamado a atenção para a necessidade de uma fonte de energia capaz de suprir convenientemente os eventos e fenômenos que observamos, o que tem me colocado em posição muito reticente em relação às soluções apontadas por alguns modelos.

Neste caso cabe perguntar, além da força gravitacional, qual tipo de força conhecida tem este mesmo conjunto de características, não ter alcance limitado, não poder ser isolada e que transmita uma mínima variação em qualquer região do espaço a todas as demais regiões sob seus efeitos? E se ainda aumentarmos a especificidade da força e exigirmos que também aumente nas regiões mais próximas de grandes corpos massivos, que outra força teria estas propriedades?

[]s
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Jonas Paulo Negreiros
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Posted: Fri Oct 12, 2012 11:14 am Post subject:



Robson Z. Conti wrote:
Jonas Paulo Negreiros wrote:
Se tudo cresce neste espaço evacuado, tudo dilui-se. Desta maneira a energia não precisa ser crescente, pois toda a massa cósmica vai se tornando rarefeita

Então, pelo tempo decorrido desde o Big-Bang a nossa densidade deveria já ser muito próxima do vácuo mais perfeito, inclusive a das estrelas de nêutrons e buracos negros. Quando constatamos que existe a tendência dos fluidos em preencher espaços com menor densidade de ocupação por matéria de qualquer tipo, como é o caso do vácuo, imagino que quem está observando isto deva ter sua curiosidade despertada e se pergunte “por que é assim” e, algo que sempre me questiono, “qual a fonte desta energia”.


Num "contexto asnático", se todas as nossas referências se expandem em igualdade de condições, não há como verificar a perda de densidade dos fluidos.
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Robson Z. Conti
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Posted: Fri Oct 12, 2012 8:43 pm Post subject:



Jonas Paulo Negreiros wrote:
se todas as nossas referências se expandem em igualdade de condições, não há como verificar a perda de densidade dos fluidos

O fato de não conseguirmos medir a perda da densidade não mudaria a situação objetiva, ou seja, estaria ocorrendo a referida perda. Outro e não menos interessante detalhe é que, se a densidade cair muito, os choques entre as moléculas deixam de ocorrer, o que pode ser contornado com a expansão de cada molécula. Só que, neste caso, para que as moléculas continuem a apresentar as mesmas características e propriedades, esta expansão necessitaria ser lastreada em matéria. Como se faria isto?

[]s
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Jonas Paulo Negreiros
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Posted: Sat Oct 13, 2012 8:58 pm Post subject:



Robson Z. Conti wrote:
Jonas Paulo Negreiros wrote:
se todas as nossas referências se expandem em igualdade de condições, não há como verificar a perda de densidade dos fluidos

O fato de não conseguirmos medir a perda da densidade não mudaria a situação objetiva, ou seja, estaria ocorrendo a referida perda. Outro e não menos interessante detalhe é que, se a densidade cair muito, os choques entre as moléculas deixam de ocorrer, o que pode ser contornado com a expansão de cada molécula. Só que, neste caso, para que as moléculas continuem a apresentar as mesmas características e propriedades, esta expansão necessitaria ser lastreada em matéria. Como se faria isto?

[]s


Bem, Robson...

Na hipótese da expansão de tudo, nada impediria que a velocidade das partículas ou da luz aumentassem na mesma proporção da expansão de todas as coisas. Essa seria uma condição absolutamente relativa.

Embora rarefeitas, todas as partículas continuarão a ter a mesma massa original.
Desse modo, só nos falta encontrar uma fonte de energia infinita, para manter tudo isso funcionando.
E cada vez mais rápido
!
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Robson Z. Conti
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Posted: Sun Oct 14, 2012 1:00 am Post subject:



Jonas Paulo Negreiros wrote:
só nos falta encontrar uma fonte de energia infinita, para manter tudo isso funcionando.
E cada vez mais rápido
!

Só isto???
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Jonas Paulo Negreiros
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Posted: Sun Oct 14, 2012 9:14 am Post subject:



Robson Z. Conti wrote:
Jonas Paulo Negreiros wrote:
só nos falta encontrar uma fonte de energia infinita, para manter tudo isso funcionando.
E cada vez mais rápido
!

Só isto???


Só isto, Robson!

Basta acreditar em Deus e em todos os seus milagres
.

"A mesma força que causa a chuva (uma bênção) pode derrubar o operário do andaime (uma tragédia). "

Deus é exemplar e respeita as próprias leis que criou
.


[s]
Jonas
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Robson Z. Conti
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Posted: Sun Nov 04, 2012 9:20 pm Post subject:

Oi Jonas,

Apesar deste espaço não ser o mais apropriado para este tipo de debate, eu entendo que uma das principais missões da Ciência seja tentar descobrir como o mundo funciona apenas pela utilização das leis naturais. Caso cheguemos a esta invejável condição, ainda assim vai faltar uma explicação sobre a origem do que deu origem ao Universo, ou seja, vamos tentar explicar a origem das próprias leis naturais.

Atualmente estou considerando que existe apenas uma lei natural (ação e reação), da qual todas as demais seriam manifestações, a qual é tão simples que dispensa artífice. Isto não quer dizer necessariamente que o artífice não exista, apenas que neste ambiente ele é desnecessário em termos de lógica (crença pessoal cada um pode ter a sua e eu procuro respeitá-las).

Já se nos questionarmos a respeito da origem da matéria prima para a construção do Universo, a situação passa a ficar muito mais complicada, simplesmente não há como se decidir logicamente por uma das opções possíveis, ou seja, se [1] a matéria prima teve inicio ou se [2] era eternamente preexistente, assim como o próprio espaço (que seria, neste caso, tridimensional e newtoniano, o que o meu amigo Einstein propôs foi uma estrutura quadridimensional, o espaço-tempo, que teria tido início no Big-Bang).
Jonas Paulo Negreiros wrote:
só nos falta encontrar uma fonte de energia infinita, para manter tudo isso funcionando.
E cada vez mais rápido
!

Em relação à tentativa de explicar a gravidade, não havendo a possibilidade de definição lógica a respeito deste detalhe, eu prefiro trabalhar com as hipóteses que não necessitam de milagres (a não ser que não existissem outras hipóteses).

[]s
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Robson Z. Conti
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Posted: Tue Nov 06, 2012 8:16 am Post subject:

Já que estamos falando de massa inercial, não podemos deixar os nossos queridos fótons, a luz que nos ilumina, fora deste pesado assunto. Vejamos o que temos em http://en.wikipedia.org/wiki/Photons

Experimental checks on photon mass

The photon is currently understood to be strictly massless, but this is an experimental
O fóton é atualmente considerado como estritamente sem massa, mas esta é uma questão
question. If the photon is not a strictly massless particle, it would not move at the exact
experimental. Se o fóton não for estritamente sem massa, ele não deveria mover-se na exata
speed of light in vacuum,
c. Its speed would be lower and depend on its frequency.
velocidade da luz no vácuo,
c. Sua velocidade deveria ser mais baixa e dependente da sua frequência.
Relativity would be unaffected by this; the so-called speed of light,
c, would then not be
A relatividade não seria afetada por isto; a assim chamada velocidade da luz,
c, seria então não
the actual speed at which light moves, but a constant of nature which is the maximum
a verdadeira velocidade com a qual a luz se move, mas uma constante da natureza que é a máxima
speed that any object could theoretically attain in space-time.[21] Thus, it would still be
velocidade com que qualquer objeto poderia teoricamente atingir no espaço-tempo. Assim, esta seria ainda
the speed of space-time ripples (gravitational waves and gravitons), but it would not be
a velocidade das ondulações de espaço-tempo (ondas gravitacionais e grávitons), mas não seria
the speed of photons.
a velocidade dos fótons.


Segue-se, no mesmo artigo, uma descrição dos experimentos para a determinação da massa inercial dos fótons e seus resultados, os quais não são nulos (é “interessantíssimo” o malabarismo feito para salvar os paradigmas tidos como verdade inconteste em cada época e local, nem a luz se moveria mais na velocidade da luz, apenas entidades jamais observadas, ondas gravitacionais e grávitons).

Ainda dentro do assunto deste tópico, uma questão que me intriga há um bom tempo é o motivo pelo qual neutrinos e fótons deslocam-se em velocidades praticamente idênticas. Um é emitido na transição eletrônica entre níveis de energia na eletrosfera e o outro no decaimento beta de prótons, nêutrons e mésons, um é considerado sem massa e o outro pode ter massa até dezenas de vezes a do elétron. A impressão que tenho é que, para partículas tão distintas terem a mesma velocidade de deslocamento no vácuo (se bem que os neutrinos continuam com a mesma velocidade mesmo em rocha sólida) eles devem ser transportados por algo que seja independente dos mesmos e de seus processos de formação e emissão. Neste cenário, a entidade conhecida que aparenta-me reunir as características necessárias para isto seria a energia escura, a qual produz a expansão cósmica em todos os sentidos e direções, o que lhe conferiria condição de carregar fótons e neutrinos também em todos os sentidos e direções.

Se uma folha caísse em uma corrente de água muito rápida, esta folha seria carregada pela corrente sem esforço algum para acelerá-la de forma positiva, o problema seria na aceleração negativa. Nesta situação, que massa inercial o fóton aparentaria ter? Na emissão (liberação) nenhuma, já que assumiria a velocidade do fluxo sem que nenhuma estrutura do universo tivesse de dispor de energia para tanto. Só que, como não há como isto efetivamente se passar sem um milagre (por mais que algumas pessoas fiquem decepcionadas, milagre simplesmente não existe, não há como efetivamente violar uma lei da natureza e se isto estiver aparentemente ocorrendo, podemos afirmar categoricamente, com a máxima certeza a nós possível que, ou estamos considerando como lei natural algo que efetivamente não é, ou não temos conhecimento adequado do que está de fato ocorrendo) e alguém está pagando a conta da energia, e neste caso é a energia do próprio fluxo de energia escura.

Se a velocidade da luz (e dos neutrinos) for decorrente da velocidade com que a energia escura move partículas subatômicas, e com isto arrasta o fóton em velocidade literalmente idêntica à deste fluxo pela mínima oposição que forneça (da mesma forma que uma folha seca é transportada por um forte fluxo de água com diferença virtualmente nula de velocidades entre a folha e as moléculas de água) então pode ser que ele possa ser considerado sem massa (ou seja, não apresente oposição a ter seu estado de movimento alterado por este fluxo).

O fóton é atualmente considerado sem massa aparentemente porque ele seria levado pela expansão do espaço-tempo na mesma velocidade com que este se expande. Não há uma relação com a quantidade de matéria e nem com a geometria da estrutura por ele formada. A questão que se apresenta é a definição de massa. Se for ligada à dificuldade de ser acelerada pelo fluxo de partículas elementares de matéria (que constituiriam a energia escura) então ele efetivamente poderia ter massa virtualmente nula. Já se for algo ligado à dificuldade de acelerá-lo a partir de uma condição qualquer, ele terá massa ao menos um pouco mais significativa, conforme os experimentos estão constando.

O aparente problema para a hipótese de massa nula para os fótons é o próprio fenômeno que forneceu evidências de sua existência, ou seja, o efeito fotoelétrico. Nele, fótons chocam-se com elétrons e os arrancam de seus orbitais. Apesar de não aparentarem se opor a ter seus estados de movimento alterados na aceleração positiva, quando da aceleração negativa eles são capazes de realizar trabalho de grandes proporções (um feito notável, aliás, é como uma bola de tênis chocar-se com um universo e conseguir movê-lo), o que indica serem possuidores de massa, pois interagem fortemente com corpos massivos (elétrons) com dezenas de ordens de grandeza acima em termos de massa (se o fóton for considerado sem massa, a relação entre as grandezas seria ainda maior, ilimitadamente maior).

[]s
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